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  • jornalpoiesis

Você está ficando velho

Atualizado: 15 de ago. de 2021



Matheus Fernando


[...]

Fato é que eu tenho uma certa inclinação para o antigo, gosto e curto coisas antigas. Vale pontuar que coisas antigas não são coisas velhas, restauradas, claro, tipo clássicos. É só olhar minhas poesias publicadas em algum lugar. Grande parte delas foram gravadas em lugares cujos móveis e cenário como um todo entoavam esse período. Um período histórico que já em 2018 não existe há muito tempo, quiçá no ano em que este livro está sendo publicado.


Tenho o sonho de ter carros antigos. Nesse exato momento minha paixão a vista é um Voyage ano 1982 do meu “veinho” Vanimar (Histórias muito bem contadas em forma de crônicas no livro “O diário de um menino ajudante de pedreiro” - nesse exato momento em que escrevo estas páginas não tenho nada do livro que citei acima, apenas a ideia do livro na cabeça.) Vanimar conseguiu esse carro numa troca que fez. Reformou parte da casa de um carinha do Bairro em troca no carro que tem uma pintura cinza formidável.


Lembro bem que foi nessa época que comecei a fumar, passivamente. Era o dia todo reformando um banheiro de 2 x 2 com o velho que só respirava nas horas vagas, enfim…


Ele está querendo vender por 5.000,00. à vista. Não consigo comprar agora porque o estágio que faço atualmente não é remunerado e as apresentações ainda não rendem dinheiro, vamos ver mais para frente e torcer para eu conseguir comprar ele antes de Vanima vender!


Não tenho dúvidas que você também tem um certo apreço por coisas antigas, pode até não ser cartas ou carros, mas para alguma coisa, disso tenho certeza. Eu tenho certeza que você mulher que está lendo nesse momento adora quando o seu namorado, marido, ficante, peguete, bolete (não sei qual é a sigla no presente momento) traz uma flor ou abre a porta do carro. Da mesma forma que você homem se não tem uma paixão por carros antigos como eu, pelo menos é nostálgico em relação às brincadeiras e vídeo games que já tiveste. Se bem que levar flores ou abrir a porta de um carro para uma mulher é mais um ato de cavalheirismo e educação do que algo que se remete a tempos passados, mas eu sei que você entendeu o que quis dizer.


E por mais que seu cérebro insista em refutar a minha afirmação, você não pode negar que se por acaso, em algum momento, chega na sua casa alguma carta endereçada com o seu nome como destinatário, você no mínimo abrirá aquele sorriso aliado de uma enorme expectativa pois “quem será que me enviou uma carta se possível mandar um whatsapp em tempo real” até porque parece ser algo bem mais específico, ainda mais se escrita a mão, outra habilidade que estamos perdendo com o tempo. [...]



(Trecho da introdução do livro O colecionador de Cartas

Escrita em Dezembro de 2018.)


Matheus Fernando é aluno de graduação em Psicologia na Universidade Federal Fluminense. É escritor que transita entre gêneros literários como poesia, crônica, conto, peça, ensaio e artigo.

matheusfernando.contato@gmail.com

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