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Uma saudade chamada crônica
Atualizado: 6 de jan.

Flávia Joss
A crônica que compartilho hoje foi escrita há dois meses e, por algum motivo que não me lembro mais, só agora ela será publicada. Enquanto relia fazendo a revisão, pensei se ainda seria coerente publicá-la, já que algumas situações estão sendo resolvidas. Contudo, continuo sendo eu, com minhas questões, minhas “piraçõe”, imperfeições, driblando e ao mesmo tempo abraçando o cotidiano, a vida como ela é. Sim, essa sou eu, num passado recente e quem sabe se não voltarei a ser a mesma num futuro iminente?
Uma saudade chamada crônica
Hoje acordei com saudade... Saudade de escrever uma crônica. E não é por falta de assunto ou de inspiração, só o tempo que não tem andado muito a meu favor. Talvez você pense que “tempo é uma questão de prioridade”, não estará de todo errado... Minha rotina foi afetada por tantas demandas que às vezes penso “Não vou dar conta” e não dou mesmo, mas desse pecado eu já me sinto perdoada.
Apesar de ter livro publicado, ainda não vivo da escrita. Sou professora, dona de casa, escrevo para duas revistas literárias e um jornal, faço cursos, mantenho uma rotina de publicação de poemas autorais no Instagram e nele tenho um projeto de divulgação das novas publicações de autores contemporâneos, participo de alguns coletivos de escrita e ainda estou envolvida com a produção do meu segundo livro que está no forno. E nesse emaranhado, a crônica foi ficando de lado...
Só que hoje meu peito apertou... que vontade de colocar um pouquinho de cotidiano no papel! Que vontade de eternizar em algumas linhas a vida tortinha, tantas vezes despetalada. Fiquei pensando em escrever sobre os últimos acontecimentos... estupro, aborto, adoção, exposição, tutela sobre os corpos femininos.... Ser mulher é uma luta diária.... isso já sabemos. Então, deixei fluir a saudade desse gênero textual que tanto me abraça. Abri as cortinas da vida comum, com suas muitas imperfeições e desalinhos que a terapia me ajuda a encarar. Matei a saudade de uma amiga por vídeo chamada. Entre pequenos surtos de saudade, escolhas assertivas e as tentativas de valorizar cada dia, sigo por aqui. E mesmo que a vida seja besta, como preconiza Drummond em seu poema Cidadezinha qualquer, em meio a um suspiro e um respiro, em meio a um choro e um sorriso, a vida continua sendo VIDA.
junho 2022.
Flávia Joss (@flaviasjoss2_) é escritora, professora de Língua Portuguesa e Literatura, especialista em Gêneros textuais e Interação. Possui cursos de aperfeiçoamento nas áreas de Arte& Espiritualidade, Escrita Criativa