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  • Foto do escritorJornal Poiésis

Toda crônica é um textículo (Crônica)

Atualizado: 13 de jul. de 2020





Matheus Fernando*


Toda crônica é um textículo. Sabe um textículo? Pequeno, tímido. Tudo depende do autor. Se ele for melancólico seu textículo será mais contraído, mais reservado, ainda mais nos dias frios de inverno. Em contrapartida, se o dono do textículo for um jovem daqueles bem carismáticos e superdotados, esse mesmo textículo outrora contraído se mostrará viçoso, irrigado, cheio de opinião.


Ver o textículo de um autor é olhar sua própria personalidade. Exatamente por isso que quando nos deparamos com uma obra, com um livro de difícil entendimento, recorrer à biografia desse autor se torna a melhor opção. Pois é, quando se trata de crônica, dessa mesma forma é preciso conferir nomes aos bois, ao dono do textículo, no caso.


Quanto ao tamanho do textículo... é sempre muito particular. Já houve situações em que me deparei com textículos enormes! Com mais de duas páginas. Cheguei ao ponto de me perguntar se aquele textículo em questão não era um conto ao invés de uma mera crônica. Por outro lado há autores que escrevem e são donos de textículos minúsculos. Já vi crônicas e textículos de dois parágrafos apenas.


Toda boa crônica traz aspectos cotidianos, mais coloquiais e veementemente curtos. Há textículos de diversos tipos. Já vi autores, aliás, os textículos desses autores tocarem em assuntos como textículos dos jogadores futebol, jornalísticos, políticos, entre outros. Há diversos cronistas e textículos para todos os gostos.


Gosto de textículos de autores como Rubem Braga, Veríssimo e Clarice Lispector. Sim, mulheres também possuem textículos. É inclusive curioso pensar que no nosso mundo os textículos femininos já foram discriminados. Na realidade a escrita feminina toca muito em aspectos singulares da nossa constituição humana que durante muito tempo negamos. Mas em discussões de gênero, textículos não cabem, ainda mais no que escrevo hoje.


Já ouvi inúmeras vezes a frase “eu não gosto de lê”. Tudo bem, eu entendo a prerrogativa! Contudo, o que está em questão não é a falta de gosto para leitura e sim que, bem provavelmente, tais pessoas apenas não acharam ainda um gênero literário que mais as satisfaça. O gênero literário ideal que toque em pontos específicos do leitor que lhe dê um certo prazer. Sim, há gêneros literários para todos os gostos com seus respectivos textículos.


Escrever crônica é uma experiência nova para mim e ainda me causa um certo constrangimento ter meus textículos expostos ao mundo. Aos poucos eu acostumo. O ato de escrever de uma certa forma revela algumas vulnerabilidades do autor. Enfim, espero que nessa minha nova etapa como cronista de alguma forma meus textículos passem a fazer parte da sua vida nas manhãs de segunda-feira, caro leitor. Até o próximo textículo.


*Matheus Fernando é aluno de graduação em Psicologia na Universidade Federal Fluminense. É escritor que transita entre gêneros literários como poesia, crônica, conto, ensaio e peça.


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