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Tecnologias de saneamento no Brasil e o entrave político

Atualizado: 14 de nov. de 2021



Francisco Pontes de Miranda Ferreira


A maior causa do elevado índice de poluição dos rios do Brasil é provocado pela carência ou ausência do serviço de destinação correta ou tratamento do esgoto. O esgoto nas concentrações urbanas é despejado geralmente diretamente nos corpos hídricos de forma concentrada (pontual e difusa). Nas épocas de estiagem o problema aumenta mais ainda e as consequências são problemas de saúde, mal cheiro, impactos negativos na biodiversidade e estética desagradável. O Brasil, entretanto, possui um histórico de capacidade tecnológica e de profissionais capazes para enfrentar o problema.


No início do século XX, o engenheiro Saturnino de Brito teve reconhecimento internacional e realizou projetos para o esgotamento sanitário para várias cidades do país. Em 1910, foi instalada na ilha de Paquetá, na baía da Guanabara, a primeira estação de filtração biológica, apenas 20 anos depois da tecnologia ter sido desenvolvida na Inglaterra e ter sido considerada muito avançada. Em 1940, a Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) da Penha, no Rio de Janeiro, foi a primeira de grande porte utilizando a tecnologia de tratamento secundário biológico. Pouco tempo depois, em São Paulo, foi implantada uma ETE com o processo de lodos ativados, muito eficiente e avançada para a época. Nos anos 1990, foram desenvolvidas ETE, mais eficientes ainda, com Reatores Biológicos com Leito Móvel (MBBR).


No início do século XXI, chegou ao país o Processo Nereda, desenvolvido na Holanda, caracterizado pelo lodo aeróbico com elevada velocidade de sedimentação e pouca área necessária para a operacionalização. O país também desenvolveu os reatores Uplow Anaerobic Sludge Blanket (UASB) – Reatores Anaeróbicos de Manta de Lodo com destaque para a instalada em Belo Horizonte (MG) que atende uma população de 1,5 milhões. As lagoas de estabilização também são muito eficientes no clima brasileiro e exigem pouco equipamentos. Tecnologias de reuso da água também são conhecidos no país. O Brasil, portanto, possui experiência e tecnologia para projetos de saneamento básico (JORDÃO, 2020). No início dos anos 1990, o O Instituto Ambiental (OIA) desenvolveu em Petrópolis a tecnologia dos Biossistemas Integrados, com uma estação piloto no bairro do Sertão do Carangola, que incluía aproveitamento total do biogás e dos nutrientes na piscicultura e na agricultura. O entrave, portanto, é político. Temos que urgentemente transformar as políticas públicas e a própria forma em que a política é realizada no Brasil para garantirmos nossos recursos hídricos.


Referência

JORDÃO, E. P. O tratamento de esgotos e a crise hídrica no Brasil in ABES. 2020.


Francisco Pontes de Miranda Ferreira é Jornalista (PUC Rio) e Geógrafo (UFRJ) com mestrado em Sociologia e Antropologia (UFRJ), pós graduação em História da Arte (PUC Rio), pós-graduação em Desenvolvimento Territorial da UERJ Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, membro do conselho editorial do Jornal Poiésis..

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