Jornal Poiésis
tantos anos
Atualizado: 8 de mar. de 2021

Rosangela Ataíde
algo da infância contida,
menina triste que fora
guardada dentro da pele,
ao lado esquerdo do peito.
nada da mocidade
rebelde de um dia.
hoje asas da liberdade adquirida?
- não. apenas o livre arbítrio.
hoje também serena, enquanto espanto!
de milhares de tons de aquarelas
espalhados dos tendões dos pés, até as pontas
- dos fios.
ao esbranquiçado de meus calcanhares
- lixa.
às unhas quebradiças
- vitaminas.
à coluna enrijecida
- yoga.
para a mente povoada
- medito.
e é agora que a vida acontece?
- sim... quando tudo começa a ranger no templo que me abriga.
sem medos, sem dobras
me volto
às pazes com a divindade
que me habita.
tudo é grito...
é rito...
delito,
tudo é finito
...enquanto eternizo como armadura
versos inquietantes e alguma lira.
*Rosangela Ataíde mora em Niterói, é escritora, fotógrafa e ilustradora.