Jornal Poiésis
Silêncio encarnado (Poesia)
Atualizado: 8 de jun. de 2020

Matheus Fernando
Quantas palavras valem o som do silêncio?
Quantas lágrimas são precisas para encharcar um lenço?
Lenços usados por aqueles que sofreram e não puderam falar nada?
Nunca precisamos tanto de lenços
como nos dias em que todos falam mas ninguém escuta a fala daquele que cala
E cala por falta de voz Por falta de nós
E foi obrigado a passar por isso a sós
Com as dores da alma
E teve que se virar para aprender a lidar com a falta
Quanto vale o som do silêncio?
Depende!
Depende se silencia por busca de paz
Depende se silencia na verdade para deixar algo para trás.
Se silencia por reputação?
Se silencia por que se beneficiou da corrupção?
Haja tesão pelo dinheiro e pela paz que coloca o coração na ponta da espada
Já que ao pôr a cabeça no travesseiro não se dorme mais.
E sobre o som do silêncio ?
É deles que muitos fogem
Seja você rico ou pobre Plebeu, ateu
Cristão ou nobre.
E ainda que exilado no alto de um penhasco
Silêncio do lado de fora…
Como silenciar a mente que grita o pecado que na hora certa eu não pus para fora?
Talvez um passo para trás
Menos velocidade
Mais seriedade com a solidariedade pregada na porta dos bares
Mais atenção aos processos, estações e fases.
Do contrário,
Fala desesperada mundo afora
Silêncio encarnado para o menino do sinal que pede esmola
E Narciso morando em nossos lares.
Matheus Fernando é aluno de graduação em Psicologia na Universidade Federal Fluminense. É escritor que transita entre gêneros literários como poesia, crônica, conto, ensaio e peça.
matheusfernando.contato@gmail.com