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Setembrando
Atualizado: 12 de set. de 2021

Flávia Joss
A chegada do mês de setembro sempre me faz cantar a música do Beto Guedes, Sol de primavera, “quando entrar setembro e a boa nova andar nos campos, quero ver brotar o perdão onde a gente plantou...”. No lugar onde moro não há muitas flores, mas a canção me traz à memória uma tarde colorida, cheia de flores e aromas, crianças brincando na grama, algodão doce. Os passeios pela praça e um suave saudosismo. Em setembro os dias são mais bonitos... Meu filho nasceu em setembro, meu avô também. Setembro tem cheiro e gosto de carinho, de chamego de filho e de vô.
Enquanto escrevo esta crônica, o sol entra pelo meu quarto trazendo com ele os sons ao redor. Ouço carros e buzinas, contudo os passarinhos cantam dentro mim. Vejo passando pela calçada mães que seguram as mãos de suas crias, o homem de boné com o pacote de pão, na porta do bar, um rapaz ergue a latinha de cerveja anunciando que apesar da dureza da vida, hoje é sexta-feira. Do alto do meu terraço, observo as casas inacabadas com seus telhados de Brasilit, a mulher que recolhe a roupa de um varal improvisado, a menina que apesar de vestir-se de sorriso, está com a vida por um triz.
A tarde não é tão colorida como na reminiscência da minha infância, e ainda assim é uma tarde clara, com uma beleza a ser descoberta. Setembro chega com seu tom amarelo para nos lembrar que a vida às vezes cansa. Porém, renova a esperança com promessas de flores que nascem nos jardins, nas varandas esverdeadas e nas ruas asfaltadas.
Flávia Joss (@flaviasjoss_) é escritora, professora de Língua Portuguesa e Literatura, especialista em Gêneros textuais e Interação. Possui cursos de aperfeiçoamento nas áreas de Arte& Espiritualidade, Escrita Criativa