Saudade

Matheus Fernando

Estou com uma imensa saudade apertando meu peito. Saudade de quê? De coisas que ainda não vivi. Ultimamente tenho sentido uma saudade imensa de viajar sozinho… entrar num desses ônibus interestaduais e atracar num Airbnb desses em um estado, em uma cidade que não conheço. Topar com pessoas que nunca vi, ter que me virar para achar uma padaria para tomar um café, pedir informações na rua para coisas da cidade que finjo não saber, apenas para conhecer gente nova. Vê a moça bonita passar com a certeza de que nunca mais a verei na vida.

E viajar sozinho! A experiência de viajar sozinho é totalmente diferente e mais rica do que quando viajamos em bando. Talvez seja um dos maiores processos de autoconhecimento. É você consigo mesmo. Com seus medos, com seus próprios anseios, ansiedades e crenças.

Saudade de abrir aquela janelinha do ônibus numa rodovia dessas qualquer e só ver o nada. Um pouco de campo e resquícios de uma pequena cidade. Poucas vezes tive essa sensação fazendo viagens de avião. Nunca saí do Brasil, ainda não tive poder aquisitivo para isso. Ser estrangeiro em outro país deve ser melhor ainda, o desafio para com a língua, a cultura, os costumes.

Estou com saudades. De quê? De me encontrar, de me conhecer a partir de outros estados de temperatura e pressão como diria o químico italiano Avogadro. Minha CNTP (condições normais de temperatura e pressão) está me enfadando nos últimos dias. Mas … seguimos para mais uma onda de Lockdown, a curva da morte só aumenta e a vacinação de toda a população parece que ainda vai demorar.

Enfim, vou ter que matar essa saudade com a leitura mesmo. Preciso achar um livro interessante de algum autor que eu nunca li na vida. Viajar por uma história de um autor que eu não conheço, é! Acho que é uma boa ideia. Viajar de dentro de casa, é o jeito.

Matheus Fernando é aluno de graduação em Psicologia na Universidade Federal Fluminense. É escritor que transita entre gêneros literários como poesia, crônica, conto, peça, ensaio e artigo.