Jornal Poiésis
Queremos flores, direitos e respeito
Atualizado: 31 de ago. de 2020

Flávia Joss*
Existe um ditado popular que diz que agosto é o mês do desgosto. Para quem? Agosto é mês de comemoração! Amigos, filho e mãe nasceram nesse mês. Em agosto também comemoramos o nascimento da Lei Maria da Penha (11.340/2006) que estabelece que todo caso de violência contra a mulher é crime. A fim de chamar à sociedade à reflexão e conscientização contra a violência doméstica, surgiu o Agosto Lilás.
Se misturarmos as cores primárias azul e vermelho obteremos como resultado a tonalidade lilás. A coloração, que apresenta vários significados, também representa a luta das mulheres por direitos iguais.
Enquanto procurava uma imagem para um post nas redes sociais que dialogasse com essa campanha, encontrei a seguinte frase: Não queremos flores, queremos direitos. Permaneci diante dela por alguns minutos... será que uma exclui a outra? Temos que ser radicais para sermos ouvidas? Não tenho a pretensão de dar essas e outras respostas, deixo essa tarefa, que penso ser mais um exercício de reflexão, para você, leitor.
Fato é que não há como fechar os olhos diante das situações de opressão vivenciadas pelas mulheres ainda hoje. Em tempos de pandemia, além de enfrentar o covid-19, algumas precisam lidar com um vírus ainda mais letal, a violência por parte de seus companheiros. A quarentena se tornou uma espécie de cárcere privado. Gostaria que minhas palavras fossem apenas um exagero. Porém, infelizmente, não são. Denunciar sempre será melhor que calar.
Recordo-me do caso de uma menina que na época tinha 17 anos e um relacionamento, o qual ela não conseguia identificar como abusivo. Conversando comigo, deixou escapar que ele, o namorado, a segurava pelo braço com força quando estava irritado, “ontem ele me empurrou de mau jeito, caí na cama, mas foi sem querer.” Ela dizia com naturalidade e eu fiquei impressionada. Tive que explicar que aquilo era abuso... É preciso desnaturalizar todo e qualquer tipo de violência contra a mulher.
Não sei se toda mulher gosta de rosas, como sugere a canção da Ana Carolina, mas todas aguardam o dia em que não mais precisarão exigir seus diretos e lutar por respeito.
Flávia Joss é Professora de Língua Portuguesa e Literatura, especialista em Gêneros textuais e Interação. Possui cursos de aperfeiçoamento nas áreas de Arte& Espiritualidade, Escrita Criativa e Poesia Falada.