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  • Foto do escritorJornal Poiésis

Ontem mais presente que hoje

Atualizado: 10 de mai. de 2021


Matheus Fernando


Bom dia, jovem! Já faz um tempo que não apareço por aqui. Mas confesso que hoje pela manhã senti saudades de conversar com você. Não sei por que e aparentemente não há motivos, mas enquanto escrevo essas palavras meus olhos enchem d’água.

Enfim. Hoje o dia está nublado aqui em Rio das Ostras, está frio. Não sei se já te contei mas comecei a fazer análise. A Bruna (analista) aparenta ser nova. Não deve ter mais de 25 ou 26 anos. Ainda não tive coragem de perguntar. Já fui duas vezes, faltei na semana passada mas vou nessa. Eu tenho gostado. Descobri que ela é Lacaniana pois na última sessão com 35 minutos ela me deu um corte federal. Vim rindo de lá da clínica até em casa, o primeiro corte a gente nunca esquece.

Já faz um bom tempinho que eu não escrevo nada, que não consigo escrever nada. Em parte porque não me vem inspiração nenhuma … mas é certo que isso não é desculpa pois sei que se eu sentar aqui na frente do pc irá brotar alguma coisa. Mas o ímpeto daqueles meses em que havia um gozo e um entusiasmo colossal para parar por aqui e passar horas escrevendo e sonhando com novos projetos e gravações meio que se dissipou como fumaça em meio ao vento.

Se não me engano a última poesia ou crônica que escrevi foi sobre a própria escrita cujo nome não me vem à mente agora. Essa semana até escrevi uma crônica sobre a Joyce para o livro de crônicas sobre professores que tenho escrito. Contudo, isso também só aconteceu porque eu e outros alunos tivemos uma conversa com ela no refeitório da UFF e não queria deixar passar algumas impressões que tive a seu respeito.

Na verdade tive o ânimo de te chamar porque hoje pela manhã voltei a ler o livro O dia em que Lacan me adotou do Gerard. Gosto da forma como ele escreve e sua escrita por assim dizer me animou a voltar por aqui.

Senti saudade dos nossos papos e aqui estou. Mas eu venho andando meio combalido nos últimos dias. Não sei o porquê. Acordo todos os dias às 5:30h para nada. Até bate uma vontade de fazer exercícios físicos, mas se deixar o corpo grita mais alto para ficar na cama. Até aí tudo normal, acredito. Mas os dias das últimas semanas tem sido assim, meio nublados. Não tenho lido nada, por acaso lembrei do Gerard hoje e voltei para terminar esse livro. Não tenho escrito nada e por incrível que pareça não tenho tido vontade de passar por aqui. Tenho ido às aulas mas não tenho feito muito esforço pelos conteúdos. Até tenho tido vontade de viajar, pegar uma estrada dessas qualquer hora, mas quando penso em sair de casa e empreender tal feito, bate um cansaço maior.

Esses dias têm me lembrado muito a música Epitaph do Ralph Zurmühle. Tenho muita vontade de aprender a tocar piano! Tenho quase certeza que irei compor muito semelhante a ele, pois suas melodias são para mim algo muito intrínseco, sei lá, é até estranho. Acho que suas composições devem ser para ele o que a escrita é para mim.

Pois me lembro de textos meus, poesias e crônicas que me reportam muito esses dias. Poesias como "Minh’alma em calma”, “Dias confusos”, “Um dia após o outro”, “Difícil de mensurar”, “As páginas de cada um”, “Dias nublado”, e tantas outras que percebo nessa mesma pegada. São para mim poesias muito belas, mas que reportam esses dias de grande incerteza, melancolia e apatia. Talvez eu esteja precisando fazer uns exames. Obrigado por me ouvir. Bom dia.


Trecho retirado de diário pessoal … 07/11/19

Matheus Fernando é aluno de graduação em Psicologia na Universidade Federal Fluminense. É escritor que transita entre gêneros literários como poesia, crônica, conto, peça, ensaio e artigo. matheusfernando.contato@gmail.com


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