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Não vivemos no mesmo tempo

Matheus Fernando
Acho que comentei na semana passada sobre isso, o tempo ultimamente tem corrido mais rápido do que o normal - bom, pelo menos aqui em casa. Estava pensando exatamente sobre isso… Sobre como a percepção sobre o tempo é diferente para cada ser humano.
Eu particularmente olho para segunda, espirro e já é sexta. É claro, estou atolado de serviço, durmo e acordo com a cara na frente do notebook para dar conta de tudo que tenho que entregar, o dia de um empreendedor é realmente mais curto. E o Tcc da faculdade? Estou até agora me perguntando por que eu cismei de pegar a primeira matéria… moço inocente, coitado.
A quantidade de coisas para fazer me faz avançar sobre o dia, sobre cada hora, cada minuto como se fosse aquela prorrogação do segundo numa partida final entre Brasil e Argentina, por exemplo. Inclusive, estava eu ontem até tarde trabalhando (o que é raro, já que tenho o hábito de dormir mais cedo - umas 21h - para acordar mais cedo - umas 4h) e descobri que estava acontecendo uma partida de futebol entre Brasil e Argentina.
Soube porque estava exatamente numa reunião com um colaborador no momento e ele disse que teria que dar uma pausa na reunião para assistir tal jogo. Pensei, “nossa, futebol, Brasil e Argentina”, pensei sobre quantos anos que eu não sei o que é parar na frente de uma Tv, ainda mais para assistir uma partida de futebol.
Se não me engano, a última vez foi quando o Brasil perdeu de 7 x 1 para a Alemanha na Copa do Mundo de 2014 aqui mesmo no Brasil. Meu pai definitivamente não me ensinou a gostar de futebol e ver 22 homens correndo atrás de uma esfera é algo que em nada me atrai.
Mas voltando ao tempo, uma pessoa que está no CTI à espera de uma vacina que não chega percebe o tempo de maneira diferente de alguém que acabou de sair de férias. Crianças que não têm o que comer e morrem de fome têm da escassez presente em seu tempo um ditador presente provavelmente para o resto da vida - o que chamamos de reforço positivo na psicologia.
Enfim, os exemplos poderiam ser infinitos. E exatamente por percebermos o tempo de maneira diferente, por habitarmos esse tempo de formas distintas que também percebemos esse mundo de forma distinta. Mas para esse papo de Percepção e Tempo teríamos que chamar tio Bergson aqui, e no momento não temos tempo nem espaço para isso.
MEU DEUS DO CÉU! Já são 9:20h… Queridos amigos leitores, terei que declinar do nosso papo agora e mergulhar no claustro de meu quarto para terminar partes de um projeto nesse domingão. Meu dia hoje está corrido, mas já tenho me acostumado com isso, é uma fase… já já as coisas voltam a ficar mais esparsas. Prometo parar por aqui com mais calma para voltarmos nesse assunto. Bom dia para todos!
Matheus Fernando é aluno de graduação em Psicologia na Universidade Federal Fluminense. É escritor que transita entre gêneros literários como poesia, crônica, conto, peça, ensaio e artigo.