Jornal Poiésis
Infinitas são as eternidades do poeta

Sylvio Adalberto*
Infinitas são as eternidades do poeta,
desde que descobriu que palavras existem
para não serem levadas a sério.
Algumas delas só se sentem confortáveis
ao lado de outras idôneas com a sua natureza.
Tenho mania de prender palavras no silêncio,
ferir o olhar de ternura
debruçado nas margens da noite.
Tem palavras que, mesmo depois do final,
ficam doendo na gente.
Quando elas eram independentes,
descobriam poetas bem-dotados
em brincar com palavras,
os poetas descobriram
que bem-dotadas são as palavras
que infinitam os poetas.
*Sylvio Adalberto é membro da Academia Petropolitana de Letras. O poema acima faz parte de seu mais novo livro, Concerto Diverso (Edição do Autor, 2020)