Jornal Poiésis
Impressões
Atualizado: 3 de mai. de 2021

Flávia Joss*
Passa das 18h... Sentada contemplo o firmamento já tingido de noite, Ouço carros, buzinas... Mas ansiava por ouvir sinos... Algumas vozes se perdem no som que brota das ruas. Um vento acarinha meus cabelos, A lua aponta timidamente... Não ouço cantos nem preces Só barulhos!!! Debruço no parapeito do terraço As luzes artificiais assumem seu posto. Homens fardados seguram seus aparatos... temos medo. Pessoas caminham, têm nas mãos um livro sobre o amor, Não leem... quão tristes são as pessoas...
Passa das 18h... Já é noite de verdade. Bichinhos em volta da lâmpada fazem a dança do acasalamento. Há poucas estrelas no céu E muitos confetes no chão. As árvores balançam e suas folhas caem ao sabor do vento, Eu vou e venho ao sabor do tempo. A casa está em silêncio... Livros na estante, na cama, abertos sobre a mesa Uma caneta, um caderno, um poema? Desliguei a TV As notícias pesam muito sobre mim. Corro os dedos na tela do celular, Uma van grita seu destino com habitual mecanismo. Um brilho intenso reflete em minhas lentes. Dói-me a cabeça Dói-me a alma... Já passa das 18h... Hora mais perigosa É melhor apagar a luz. (21 de março de 2021) Flávia Joss (@flaviasjoss_) é Professora de Língua Portuguesa e Literatura, especialista em Gêneros textuais e Interação. Possui cursos de aperfeiçoamento nas áreas de Arte& Espiritualidade, Escrita Criativa.