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  • Foto do escritorJornal Poiésis

Falares-mulher

Atualizado: 15 de mar. de 2021


Flávia Joss*

Quem escreve sabe que é num piscar de olhos que a ideia do texto vem. Bem, no meu caso, tive o insight assistindo uma live em que uma poeta-amiga participava.

A convidada foi perguntada sobre a conciliação entre escrita e maternidade, suas palavras fluíram... me vi naquela fala. Traçou uma analogia entre os primeiros anos de sua experiência materna com brigadeiro de colher, só sendo poeta para pensar em tão deliciosa metáfora. Suavemente discorreu sobre as transformações pelas quais nós, mulheres, passamos durante o longo percurso que é ser mãe.

Enquanto ouvia, me identificava, morava nas palavras da Daniela Laubé e pensava no trabalho que é ser mulher. O desdobramento quase malabarístico no espetáculo circense do lar, por isso, acredito que o fato de nascer mulher, por si só, já é um ato de resistência. Somos “sentidoras” natas e especialistas na resiliência. Seres camaleônicos, nos adaptamos, mas cultivamos a chama da mudança no olhar.


Multitarefas, cozinhamos fazendo posts no Instagram, ensinamos a tarefa de casa ao filho e ao mesmo tempo consolamos uma amiga pelo WhatsApp, lidamos com a escrita em meio às brincadeiras de crianças e ao som da televisão. Participamos de cursos online noturnos, um fone no ouvido e um carinho no parceiro. Nos movimentamos na corda bamba, nos equilibrando entre o sonho e a realidade, costumes antigos e outras verdades. Mas guardamos a fertilidade ilimitada, seja no ventre, no intelecto ou no coração. Temos asas nos pés, força nos punhos, alma repleta de poesia e esperança nas mãos.

Março, 2021.

*Flávia Joss é Professora de Língua Portuguesa e Literatura, especialista em Gêneros textuais e Interação. Possui cursos de aperfeiçoamento nas áreas de Arte& Espiritualidade, Escrita Criativa.


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