Jornal Poiésis
E quem sabe? (Poesia)
Atualizado: 8 de jun. de 2020

Matheus Fernando
Acho que todo mundo já passou pela experiência de querer entrar num carro e sumir pela estrada afora.
Sem ter que se preocupar com a hora de vir embora
Nem com a fatura vencida que vem junto na mala.
Sei lá, eu sei que às vezes é uma ilusão
Querer fugir, largar um pouco as responsabilidades do cotidiano
Por vezes nem fugir
mas sair um pouco da rotina acaba por massacrando..
A criatividade
A criança em nós que nem vê maldade.
Quem sabe acessar sonhos antigos
Que por conta de alguns compromissos
Deixei eles no acostamento no meio do caminho.
Uma outra ilusão muito sustentada por sei lá quem
É que a vida que mais vale a pena ser vivida
Para ser cumprida, vívida, divertida
Tem que ser uma vida que consista
Nos aforismos de um dia
Que corre despercebido
Sem nenhum compromisso
E que no fundo trata-se de ficar dando socos no ar
Como quem não sabe onde quer chegar.
E num certo sentido o que está implícito é não ter um lugar para voltar
Só vive acumulando dias cada dia em um lugar diferente
Indigente de si
Indigente para os problemas que não queremos retornar.
Enfim, é bom parar um pouco para descansar
Talvez voltar a alguns lugares
Que por sinal nem são tão distantes.
Em busca dos sonhos de criança
Das paixões dos tempos de adolescente
Das ilusões que instauramos quando adultos
Das fantasias que idealizamos, retornamos e guardamos na gaveta do criado mudo.
O que também não sei se é verdade.
Matheus Fernando é aluno de graduação em Psicologia na Universidade Federal Fluminense. É escritor que transita entre gêneros literários como poesia, crônica, conto, ensaio e peça.
matheusfernando.contato@gmail.com