Jornal Poiésis
Doulas realizam reuniões públicas em Araruama

Fotógrafa: Regina Mota/Jornal Poiésis
Um dos momentos mais especiais para uma mulher é a hora do parto, quando ela traz ao mundo uma nova vida. No entanto essa cena que era pra ser mágica, cheia de conforto, onde os profissionais deveriam atender com carinho e respeito à futura mamãe, quase nunca é real.
Corriqueiramente podem ser ouvidos comentários de maus tratos e humilhações sofridos por mulheres durante o parto. E as reclamações não se resumem somente no tipo de tratamento recebido por elas. No momento de fragilidade são surpreendidas, muitas vezes, pela exigência de assinatura em documentos que, segundo relatam, sequer sabiam que existiam, como o Plano de Parto.
Em Araruama, um grupo de doulas se reúne em praça pública para falarem sobre violência obstétrica, ocasião em que as parturientes falam sobre suas experiências e buscam o apoio umas das outras através de informações e orientações sobre o pré-natal, parto e pós-parto.
O coletivo de Doulas Sol Nascente começou a ser organizado em novembro de 2019, e se reúne mensalmente na Praça Antonio Raposo, onde consegue contar com a presença de grávidas, familiares e amigos para uma roda de conversa descontraída e informal.
Doulas são profissionais treinadas e capacitadas para acompanhar as gestantes e parturientes. Sua função é dar suporte durante a gestação, pré-parto, parto, pós-parto e puerpério se utilizando de recursos de conforto, suporte emocional e alívio físico, técnicas não farmacológicas diversas e informações sobre o sistema obstétrico, com a finalidade de promover o bem-estar às mesmas.
Durante a última reunião realizada vários fatos foram relatados por algumas mulheres grávidas e que estão esperando o próximo filho. “Não tem cabimento sair daqui para ir ao Rio de Janeiro para ter um parto respeitoso”, relatou M.L, de 23 anos.
“Você está atrasando o meu trabalho”, disse uma profissional à mãe que estava em pleno trabalho de parto. “Esse é nosso Plano de Parto. Ou você assina, ou não daremos continuidade ao processo do parto”, foi uma das frases ouvidas por J.C.S. de 27 anos.
Em entrevista ao Jornal Poiésis, Larissa Alves, uma das organizadoras no Coletivo Sol Nascente, relata: “O objetivo das Doulas é de humanizar o atendimento às mulheres em trabalho de parto. Temos que fazer com que as mulheres sejam respeitadas. Hoje é o nosso segundo encontro, o próximo deverá ser no dia 16 de fevereiro. Todas estão convidadas.”
(Reportagem de Regina Mota, publicada em fevereiro de 2020)