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DEVIR MULHER



Camilo Mota


Eu não tinha esses olhos de Cecília,

Nem os mistérios de Clarice nos lábios.

Aquela outra, cujo amor era tão intenso,

Fazia o mar transbordar,

E queria ser mar, amar,

Ir nas ondas:

Porque água

Não fixa cicatrizes.


Ana houve em mim

Em compostos nomes

Desenhando planícies platônicas,

Platôs alçando futuros.


Saliva e lágrima de Florbela

Agora se misturam em meu rosto:

Nesse espelho em que vejo rugas

Também cintilam olhos.

Escolho fluir em minhas veias,

Mar aberto esperando os rios,

Parteira de mim,

Criadora de espaços

Que sobrevoo como um canto,

Um sopro apenas,

Uma gota a matar a sede dos colibris.


Araruama, 22 de agosto de 2021.





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