top of page
Buscar
  • jornalpoiesis

Desenvolvimento territorial participativo

Atualizado: 3 de dez. de 2022



Francisco Pontes de Miranda Ferreira


Uma concepção de desenvolvimento territorial voltada para o diálogo e a autonomia decisória, que inclua também a preservação da natureza, das identidades e dos vínculos territoriais, surge como resposta à reprodução ampliada do capital. Para alcançarmos estes objetivos ressaltamos a interdisciplinaridade e a participação social como princípios. Considera-se, portanto, a organização popular como um dos principais caminhos para alcançarmos as melhorias de qualidade de vida necessárias (SAQUET, 2018).


Na concepção e na proposta de trabalho que temos, entendemos que os sujeitos são múltiplos, nos espaços urbanos e rurais, vivendo cotidianamente como sínteses das relações sociedade-natureza. O território contém essas relações e significa, num primeiro nível, espaço de (in)formação, mobilização, luta e resistência aos agentes do capital, além de objeto de estudos e orientação conceitual na análise e interpretação científica (SAQUET, 2018: 482).


Tanto no campo como no espaço urbano identificamos atitudes ecológicas e solidárias que vão de encontro direto às necessidades básicas da população e assim confrontam os processos de desterritorialização impostos pelo sistema econômico. Ações que envolvem uma pluralidade de atores sociais que buscam formas de emancipação em que pensamento e ação acontecem de forma contínua e simultânea. A compreensão do território afasta o risco da alienação e fortalece o sentido de identidade e pertencimento individual e coletivo. Assim, o território torna-se a sede das resistências, onde as contradições do poder econômico e da construção histórica, refletidas nos modos de produção, se manifestam. No território, no setor do saneamento, estas contradições ficam muito aparentes e são geradoras de conflitos. No território as comunidades debatem e investem nas suas expectativas (SAQUET, 2018).


A descoberta do território ocorre justamente quando se coloca em cena a identidade distintiva do território, que o diferencia dos demais, induzindo-se sentimentos de pertencimento e partilha, juntamente com a própria gestão dos conflitos a partir da definição de interesses e objetivos comuns (SAQUET, 2018: 486).

As territorialidades presentes, resultantes das contradições, tornam-se assim ativas (práxis) em que diálogo e a visão crítica e reflexiva são elementos importantes. Acontece, portanto, processos de auto-organização-práxis independentes, mas que não desconsideram o Estado e a política formal, como os conselhos, partidos, sindicatos (SAQUET, 2018).


O processo de (in)formação da consciência de classe e de lugar influencia a compreensão do território-lugar, do seu reordenamento com justiça social e, ao mesmo tempo, a relação território-lugar possibilita uma ampla e complexa compreensão dos processos de qualificação da consciência de classe e de lugar, no constante movimento de construção popular do desenvolvimento de base local, ecológica, cultural, dialógica e reflexiva (SAQUET, 2018: 489).


Referência

SAQUET, M. A. A Descoberta do Território e outras premissas do Desenvolvimento Territorial. Revista brasileira de estudos urbanos regionais. São Paulo: V.20, N.3, p. 479-505, set-dez, 2018.


Francisco Pontes de Miranda Ferreira é Jornalista (PUC Rio) e Geógrafo (UFRJ) com mestrado em Sociologia e Antropologia (UFRJ), pós graduação em História da Arte (PUC Rio), pós-graduação em Desenvolvimento Territorial da UERJ Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, membro do conselho editorial do Jornal Poiésis.


Foto: Federico Fernandez

48 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page