Jornal Poiésis
DA CASA DE LARANJEIRAS (13)
Atualizado: 7 de dez. de 2020

Ulisses Dias da Silva
Beijo na boca de Caronte
Celebro com Tânatos as marcas roxas na minha pele
Não me deram uma moeda
Mas o barqueiro me levará por uma canção da noite escura
E a componho enquanto o rio Estige me balança.
Daqui não posso ouvir os clamores dos outros
Apenas o uivo trino do cão que se derrama por aí
Abraçar o inevitável é viver a experiência
Só é livre quem se despe de si mesmo
Ainda que doa
(Rancho São Francisco, Margens do Rio São Francisco, Próximo a Três Marias-MG, 28/03/2020)
Ulisses Dias da Silva é do Rio de Janeiro, professor de Matemática do CapUFRJ.