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  • Foto do escritorJornal Poiésis

Contribuições da Pesquisa-Ação

Atualizado: 20 de jul. de 2020



Francisco Ferreira*


As ciências ambientais têm como um dos principais desafios desenvolver metodologias para a inclusão da sociedade nos processos de planejamento, gestão e gerenciamento do território. A Constituição de 1988 afirma a inclusão da sociedade no planejamento e gestão do território. Temos, portanto, que transformar a ciência clássica que afastava pesquisadores da sociedade e enfatizarmos uma dimensão humanística, que promove o diálogo entre a produção científica e as comunidades. A Pesquisa-Ação Transdisciplinar é um instrumento que tem muito a colaborar com esta perspectiva inclusiva e complexa e trabalha a valorização dos saberes, das experiências e das visões presentes na diversidade das comunidades e sua relação com a natureza.


A Pesquisa-Ação é uma aprendizagem mútua entre pesquisadores e participantes e assume, portanto, uma postura de transformação da realidade. Neste contexto, a complexidade necessita ser considerada junto com o reconhecimento da presença de um movimento e de uma dinâmica que envolve os participantes e o território. A Pesquisa-Ação tem alguns compromissos importantes como:

1. A resolução de um problema da sociedade;

2. Promover a tomada de consciência;

3. Produção de conhecimento.


A transdisciplinaridade torna-se elemento relevante para a construção conjunta de um produto representativo do todo. Os diálogos e as discussões permitem e motivam a interação entre ideias e conhecimentos. Trata-se de um aprendizado conjunto para a construção coletiva de conhecimento. A contextualização é um processo complexo, adequado tanto para as questões ambientais como as sociais. Os participantes interagem com o pesquisador, desde a construção da questão até a decisão de soluções. Acontece assim, um compromisso do pesquisador com a sociedade e a transformação e as decisões passam por um processo de consciência e de compromisso, em comum acordo com todos os envolvidos. Há uma ética presente para a construção de uma realidade cooperativa e interativa.


A metodologia da Pesquisa-Ação parte da identificação e do mapeamento de pessoas e instituições determinantes na realidade local e o poder público e econômico devem também serem considerados. Precisamos conhecer a lógica de cada uma destas forças e as estratégias de gestão desenvolvidas deverão fazer parte do cotidiano das comunidades. A visão complexa e multidimensional envolve a ecologia, o social, cultural, ambiental, econômico, tecnológico, jurídico, político, educacional, urbanístico e muitos outros identificados como importantes. Oficinas pedagógicas promovem a coleta do conhecimento necessário e a reflexão coletiva decide o que deve ser preservado e o que precisa ser modificado na realidade. Desenvolve-se assim um Planejamento Estratégico complexo e a partir dele define-se um Plano de Ação e um Plano de Gestão – ambos complexos e transdisciplinares.


Referência

PALAVIZINO, R. S. Uma abordagem transdisciplinar à Pesquisa-Ação in Terceiro Incluído. UFG, 2012.


Francisco Pontes de Miranda Ferreira é Jornalista (PUC Rio) e Geógrafo (UFRJ) com mestrado em Sociologia e Antropologia (UFRJ), pós-graduação em História da Arte (PUC Rio), Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, membro do conselho editorial do Jornal Poiésis. É diretor da Arcalama Serviços de Comunicação (www.arcalama.com.br).

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