top of page
Buscar
  • jornalpoiesis

Composição da paisagem presente



Francisco Pontes de Miranda Ferreira


Seres vivos e não vivos se agregam aos projetos humanos e possuem relevante influência e poder no território. O período em que vivemos, chamado de antropoceno, é altamente fragmentado. Comparamos esses fragmentos a manchas de composições diferentes que se manifestam no território como, as plantações, as aglomerações urbanas e os complexos industriais. Cada mancha dessas merece uma investigação antropossocial, geográfica, biológica, matemática. Para compreendermos estas composições realizamos pesquisas documentais e de campo de forma transdisciplinar, devido a alta complexidade manifestada no território. Assim procuramos compreender melhor as consequências do antropoceno, destacando a sua diversidade natural, social e artificial. TSING (2020) aponta quatro programas historicamente construídos que transformaram definitivamente terra, água e solo num determinado território: invasão, império, capital e aceleração.


No capital visualizamos, por exemplo, a composição desigual das manchas urbanas que se espalham rapidamente pelo território. No entorno os commodities marcados pelas plantações e a extração mineral. Também visível ou não, a poluição, os agrotóxicos, o esgoto, a especulação imobiliária, os fios e canos, os computadores, o poder econômico e financeiro. No programa imperial, formado após a invasão, está o processo histórico que levou ao capital. O império abriu espaço para a formação do antropoceno e o enriquecimento das metrópoles. No império iniciou a colonização, hoje na forma de neocolonização e neoliberalismo. Após a Segunda Guerra começa a aceleração que influencia todo o nosso cotidiano do antibiótico ao eletrodoméstico, multiplicando resíduos visíveis como o plástico e invisíveis como a radioatividade. Ao longo das últimas décadas assistimos à aceleração de vários processos que eram lentos como as enormes transformações no transporte ou na própria produção agrícola. Invasão, império, capital e aceleração são os detonadores do antropoceno, ativados por eventos históricos, mas todos de alguma maneira manifestados no presente e localizados no território. Nosso desafio será construir uma vivência juntos, mais harmônica e justa (TSING, 2020).


Referência

TSING, A. L. O Antropoceno mais que humano in Reunião de antropologia das ciências e da tecnologia. UNICAMP, 2020.


Francisco Pontes de Miranda Ferreira é Jornalista (PUC Rio) e Geógrafo (UFRJ) com mestrado em Sociologia e Antropologia (UFRJ), pós graduação em História da Arte (PUC Rio), pós-graduação em Desenvolvimento Territorial da UERJ Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, membro do conselho editorial do Jornal Poiésis.

3 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page