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Complexidade e Território



Francisco Pontes de Miranda Ferreira


Sol, água, solo, atmosfera são os elementos básicos e sua complexidade precisa ser respeitada e compreendida. Temos que aprender a interagir com o nosso meio natural e não apenas implantarmos técnicas. A biota é composta pela totalidade dos elementos presentes no ecossistema que inclui micróbios, bactérias, insetos, mamíferos, répteis, fungos... e seres humanos. O sistema abriga também os elementos abióticos como umidade, temperatura, tipos de solo... tudo interdependente e inter-relacionado, formando-se uma complexidade sistêmica. Processos naturais não podem ser compreendidos dentro das leis mecânicas racionais, já que são caracterizados por irregularidades e incertezas e altamente complexos. Sistemas complexos e abertos estão sempre em processo de transformação e geralmente longe do equilíbrio. Este processo criativo presente nos sistemas complexos envolve irregularidades e regularidades, previsibilidades e imprevisibilidades, estabilidades e instabilidades que nos leva à importância também da transdisciplinaridade.


Fato que exige também o estabelecimento urgente de políticas integradas e modelos de gestão mais eficientes. Quanto maior o número de interações, maiores possibilidades de instabilidades no sistema em que um ou mais eventos específicos podem transformar rapidamente um sistema estável em instável. Há sempre um conflito entre o estado constituído e as inovações A capacidade de comunicação do sistema determina sua complexidade, estabilidade e instabilidade que envolve, portanto, um processo. A falta de integração entre os diversos instrumentos e instituições também abre espaço para conflitos e a falta de informação da sociedade também acelera a degradação.


A natureza está sempre longe de um ponto de equilíbrio, onde ocorre a auto-organização e os estados críticos. As leis da física são insuficientes para explicarmos a complexidade da natureza, que é composta por padrões complexos, presentes nas tempestades, terremotos e na evolução da vida no planeta. Começamos com a simples pergunta: porque a Terra não permaneceu como uma bola de cristal gasosa para sempre? Todo sistema com diversos componentes interagindo possui a tendência de tornar-se complexo e envolver-se com estados críticos. Interações entre elementos de um sistema se auto-organizam e assim geram a complexidade. BAK (1996) nos traz o exemplo de uma criança brincando com grãos de areia numa praia em que vai formando-se uma pilha. A medida em que a pilha de areia aumenta, deslizamentos vão ocorrendo. O sistema afasta-se do equilíbrio e torna-se complexo. BAK (1996) conta também a história de um físico que foi chamado para ajudar um fazendeiro a conseguir vacas que produzissem o máximo de leite e o cientista, finalmente, apresentou o projeto de uma vaca redonda. No entanto, temos que lidar com vacas verdadeiras.

A ideia fascinante do cientista britânico, Jim Lovelock, de que a Terra é um único organismo vivo (Gaia) deve ser muito considerada. Todas as partes estão funcionalmente integradas nesta filosofia. Assim como no exemplo da pilha da areia acima ou do terremoto em que a ação de um único grão vai afetar o sistema como um todo. O sistema ecológico da Terra vem evoluindo na direção de um estado crítico e qualquer impacto deve, portanto, ser levado em consideração. Nosso cérebro opera num estado crítico e está suscetível a qualquer impacto interno ou externo. Trata-se de um sistema complexo com contatos e conexões, muito próximo de uma bacia hidrográfica. Barragens construídas na bacia podem provocar enchentes, assim como traumas no cérebro podem causar a falta de comunicação ou locomoção.


Sol, água, solo, atmosfera são os elementos básicos e sua complexidade precisa ser respeitada e compreendida (NEBEL e WRIGHT, 2000). Temos que aprender a interagir com o nosso meio natural e não apenas implantarmos técnicas. Nossa própria sobrevivência depende desta inter-relação. O sistema natural abriga também os elementos abióticos como umidade, temperatura, tipos de solo... tudo interdependente e inter-relacionado, formando-se uma complexidade sistêmica. Todo ecossistema faz parte de uma totalidade cósmica. As interações formam, por sua vez, uma paisagem também complexa que inclui a sociedade. Os componentes orgânicos, inorgânicos e a energia suportam e dão vida ao sistema. A decomposição sendo igualmente importante e responsável pelo fornecimento de mais energia e nutrientes para revitalizar o sistema. Trata-se de uma rede que deve ser respeitada e integrada com as necessidades e as atividades humanas. Somos parte integrante da biomassa e do fluxo contínuo de energias vitais.


Referências

BAK, P. How Nature works: the science of self-organized criticality. New York: Spinger-Verlag, 1996.

NEBEL, B. J. e WRIGHT, P. T. Environmental Science. New Jersey: Gordon College, 2000.


Francisco Pontes de Miranda Ferreira é Jornalista (PUC Rio) e Geógrafo (UFRJ) com mestrado em Sociologia e Antropologia (UFRJ), pós graduação em História da Arte (PUC Rio), pós-graduação em Desenvolvimento Territorial da UERJ Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, membro do conselho editorial do Jornal Poiésis.


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