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As transformações da relação campo e cidade

Atualizado: 6 de dez. de 2021



Francisco Pontes de Miranda Ferreira


Muitas vezes a área rural é analisada nos textos científicos como isolada do conjunto da sociedade. No entanto, o rural tem uma relação estreita com o urbano e a sociedade como um todo. Esta visão fragmentada foi produto da Revolução Industrial e da própria história da formação das cidades.


Na antiguidade cidade e campo tinham uma relação muito próximas das próprias atividades produtivas. As trocas envolviam os excedentes, mas com a implantação do comércio surgiram os indivíduos que viviam do lucro da produção rural. Fato que modificou tanto o campo quanto a cidade. Assim na cidade se concentravam os mercadores e comerciantes e surgiram os artesãos, como os ferreiros. As cidades também viraram locais de concentração dos intelectuais, artistas e cientistas. Finalmente, os espaços urbanos se tornaram mais adequados para o reinvestimento do capital e as áreas urbanas tiveram que acompanhar os interesses dos moradores da cidade. Fato que provocou a tecnificação e a urbanização do próprio campo.


Nas cidades desenvolveu-se, portanto, a cultura e a riqueza da burguesia, que necessitava da ciência e da técnica. O tempo do campo, que dependia dos fatores naturais, passa a não servir mais para a vida urbana e surge o tempo da fábrica. O tempo da história também se transforma naquele do progresso linear. A burguesia urbana se adere ao moderno, racional e empírico e espalha para o campo estes mesmos princípios. A cidade é onde a burguesia, além de investir a maior parte de sua riqueza, realiza a ostentação e o divertimento. Mas, o campo também é transformado para a produtividade agrícola e para servir para o lazer da burguesia urbana. A mentalidade, tanto no campo quanto na cidade, é a do domínio da natureza selvagem em função do lucro (ALMEIDA, 1999).


O sistema de mercado passou a dominar as áreas rurais e urbanas e hoje sentimos, como consequência deste processo uma crise socioambiental que coloca a natureza em risco e que não resolveu a pobreza e a miséria nem na cidade, nem no campo. O pequeno produtor rural é assim permanente ameaçado pela gentrificação (com a chegada dos veranistas e turistas sofisticados provenientes da cidade) ou pela força dos agronegócios.


Referência

ALMEIDA, A. M. Campo e Cidade como imagens. UFRRJ, 1999.


Francisco Pontes de Miranda Ferreira é Jornalista (PUC Rio) e Geógrafo (UFRJ) com mestrado em Sociologia e Antropologia (UFRJ), pós graduação em História da Arte (PUC Rio), pós-graduação em Desenvolvimento Territorial da UERJ Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, membro do conselho editorial do Jornal Poiésis.

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