As mangas anunciam o Natal
Atualizado: 15 de dez. de 2020
Camilo Mota
A vida é repleta de sabores. Cada um nos faz descobrir sentidos, sinestesias, absorções do real que nos chegam em diferentes momentos ao longo do ano. As mangas, por exemplo.
Em novembro, elas anunciam um tempo novo, algo que nasce para ser compartilhado. São os pés carregados de frutos, o quintal repleto de mangas no chão, as beiras de rios e calçadas onde inadvertidamente a mangueira persevera sua existência de doações.
A mangueira é uma doadora universal. A árvore é generosa para pássaros, insetos e homens. E contagia as pessoas. Quem nunca recebeu de um amigo aquela generosa sacola cheia de mangas? E se não recebeu, tenha esperança de algum dia ter um vislumbre desse paraíso.
Quem doa mangas está doando momentos de prazer, de resgate da alma infantil que toma um banho de sumo nas mãos e no rosto.
A manga anuncia o Natal, esse tempo em que a generosidade se esgueira entre afetos escondidos por tanto tempo.
A verdadeira árvore de Natal deveria ser uma mangueira, onde à sombra saboreássemos a celebração coletiva da vida, e nos lambuzássemos de doçura e amor.
Camilo Mota é psicanalista, terapeuta holístico, editor do Jornal Poiésis e membro da Academia Araruamense de Letras. Confira outros textos e mais informações no site www.camilomota.com.br