- jornalpoiesis
AS LINHAS DA MÃO

Roseana Murray
Têm nome as linhas
da mão?
Serão rios, caminhos,
veredas,
serão luz?
Olho as minhas mãos
cheias de tempo,
quando tão cedo
abrigam a primeira água
para limpar do rosto
os vestígios da noite,
para passar o café.
Penso nas mãos espalmadas
nas paredes das cavernas,
por milhares de anos,
se acendem
com nosso olhar, falam,
estivemos aqui,
um dia existimos.
Penso nas mãos
que trançam, abrigam,
acariciam.
Que plantam.
Disse um poeta,
se todos
nos dermos as mãos,
quem sacará as armas?
Roseana Murray é poeta e escritora, mora em Saquarema-RJ (www.roseanamurray.com)