Jornal Poiésis
Arteterapia
Atualizado: 14 de dez. de 2020

Matheus Fernando
Falar de arte
Falar de transdisciplinaridade
Poderíamos falar de tanta coisa
Tanta gente,
Dra. Nise da Silveira …
E por que não falar de Lygia Clark?
Acho importante ressaltar que todos os movimentos
Todas as teorias,
Do sul ao norte,
Bem antes do Freud à bem depois de Van Gogh
Todos os presentes no saco de gatos sabem
Que beberam da filosofia, da ciência e sobretudo da arte.
Música, dança, pintura
Cinema, escultura, teatro, literatura e tantas outras expressões de cultura.
Poderíamos falar que a ciência fez arte?
Em parte!
Que a filosofia tentou se debruçar sobre algumas das partes
Que a psicologia em vários momentos lançou mão para os seus insights
Que a ditadura tentou contê-la e no todo valendo-se de tamanha maldade .
Eles só esqueceram que a arte não se prende atrás das grades ..
E se fôssemos falar da arte como terapia
As linhas em branco de uma partitura
A expressão falada do corpo que dança sem censura
As mãos dos Michelangelos que fazem da matéria prima escultura, fria
O menino da comunidade que sem saber que sabe faz das batalhas de praça suas poesias.
Isso não é apenas arte,
Quando um menino desses sai da criminalidade
Pra fazer da sua criação, sua prioridade,
Isso é tão revolucionário quanto a ciência quando descobriu a cura da Aids
A filosofia quando tirou Deus e colocou o homem como centro da humanidade
O mundo que após Lutero passou pelas cruzadas
Ou Freud, quando afirmou que você não é Senhor na própria casa.
Arte como humanização
Que me dá conhecimento de partes do meu eu, que eu não conhecia
E quando fiz dessa arte, minha terapia
Ressignifiquei coisas que outrora me machucariam.
Arte como criação,
Como quebra de modelos hegemônicos
Quebra de modelos econômicos e, diante de gigantes arquitetônicos
Eu faço poesia.
Aquele momento quando diante de uma arte
Você fica plasmado e não sabe,
Como faz?
A cena do filme e você são um
Diante de uma pintura você olha e
“Como alguém poderia colocar numa tela o que outro nenhum
Fora capaz?”
O fechar dos olhos e o soar da melodia
A oportunidade de viajar para outro lugar do mundo por meio da fantasia
O apagar das luzes no teatro e a espera para ver
A expectativa sustentando a alma na palma da mão frente ao suspense que pode não ser Aquilo que eu imaginava.
E diante da arte chamada literatura que eu não esperava
Tento fazer das palavras, não um conto de fadas ou histórias cruas
Mas uma maneira que eu possa expressar, em forma de poesia
Aquilo que o cotidiano abafa e expurga
Em tempos tão tóxicos para as crianças como os dias de pedofilia e tanta pornografia.
Arte como outros modelos de existências
E diante dos momentos de carência
Seja pela saudade da pessoa amada ou por conta da abstinência
Seja como modelo de terapia ou como proposta das diversas áreas que ela frequenta Seguimos em frente, fazendo da arte e com a arte
Um estilo de ser.
Matheus Fernando é aluno de graduação em Psicologia na Universidade Federal Fluminense. É escritor que transita entre gêneros literários como poesia, crônica, conto, peça, ensaio e artigo. matheusfernando.contato@gmail.com