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A poesia veste burca
Atualizado: 23 de ago. de 2021

Flávia Joss
O mundo assiste ao horrendo espetáculo que é a tomada do Afeganistão pelo Talibã. A população sente o gosto amargo do extremismo religioso, principalmente as mulheres. Não há como negar que uma das funções da literatura é denunciar. Mesmo estando distante, acreditamos que a poesia é, também, um ato político. Que ela nos comova!
A poesia veste burca
Cobre os lábios e salta aos olhos
Aos mais atentos, pontua lágrimas...
Trágicas a quem as escuta
Bombas de sal explodem sonhos
Almas desarmadas empreendem fuga
Meninas de asas cortadas
Decolam em aviões sem espaço
O feminino é sufocado pelos ares
Na queda livre e suicida de um voo preso
São vidas ceifadas antes da morte
Por algozes incapazes de curvar o extremismo
À origem cicatricial do próprio umbigo
(Daniela Laubé)
Daniela Laubé é advogada e mediadora de conflitos, paulistana acolhida por terras mineiras. Apaixonada pela escrita desde a adolescência, descobriu-se poeta! Registra seu conteúdo autoral no Instagram @danilaube.