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  • Foto do escritorJornal Poiésis

A Comuna de Seattle


Francisco Pontes de Miranda Ferreira


A cidade operária de Seattle, composta na maioria de afrodescendentes, terra do guitarrista Jimi Hendrix, fica localizada na costa Norte do Oceano Pacífico, no Estado de Washington, nos Estados Unidos. A cidade possui uma história marcante de movimentos sociais, desde a greve geral de 1919. Em 1939 o general James Farley declarou que os Estados Unidos possuem 49 Estados e a União Soviética de Washington. Nos anos 1960 e 1970 o partido Pantera Negra criou a Frente Libertadora de Seattle. Nos anos 1970 as barricadas eram cenário muito comum na cidade e a polícia realizava atos violentos contra estudantes universitários.


Em junho de 2020, durante os protestos contra o assassinato de George Floyd, foi criada a Zona Autônoma de Capitol Hill (CHOP). Durante este mês foram intensos os conflitos entre manifestantes e a polícia e um homem de extrema direita atropelou manifestantes e atirou num garoto que morreu na hora. Os manifestantes exigem o corte imediato das verbas para a polícia e a implantação de projetos sociais. O presidente Donald Trump declarou em rede nacional que não toleraria uma área autônoma liderada por “anarquistas”. Várias barricadas foram colocadas e no início de julho houve uma repressão violenta da polícia. Mas, os protestos e as ocupações continuam. Existem na cidade diversas comunidades autônomas em que não deixam a polícia entrar (Police Free Zone), existem jardins e hortas comunitárias e postos de saúde e de distribuição de alimentos. Estas comunidades são altamente pacíficas, ao contrário do depoimento do Trump, afirmou o líder por direitos civis e membro do conselho municipal, Larry Gosset. Em Capitol Hill acontecem espetáculos musicais, encontros LGBT, atividades artísticas e manifestações diversas. A vereadora socialista, Kshama Sawant luta pelo reconhecimento das zonas autônomas com leis próprias. O país, líder do capitalismo global, é cheio de contradições e palco de movimentos sociais importantes de resistência, fato que demonstra a intensa desigualdade existente e que os territórios urbanos são locais de disputa de poder e conflitos.


Referência: The Guardian (agosto, 2020)


Francisco Pontes de Miranda Ferreira é Jornalista (PUC Rio) e Geógrafo (UFRJ) com mestrado em Sociologia e Antropologia (UFRJ), pós graduação em História da Arte (PUC Rio), Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, membro do conselho editorial do Jornal Poiésis. É diretor da Arcalama Serviços de Comunicação (www.arcalama.com.br).

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