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A ciência e as políticas públicas: falta de parceria





Francisco Pontes de Miranda Ferreira


Procuramos um motivo por existir muito pouca cooperação entre as políticas públicas e a ciência. No Brasil, especialmente, este tipo de parceria é mínimo. Uma maior articulação e integração entre ciência, cultura e política provocaria muitos benefícios sociais e ambientais. No entanto, uma relação instrumental não seria benéfica para as políticas públicas e sim uma que respeitasse todos os saberes e uma gestão participativa do território. Com este objetivo surgiu a Evidence Informed Practice (EIP) em que o campo científico é um entre vários outros a serem influentes nas políticas públicas. Trata-se de um combate também à tradicional tecnocracia do Estado. Fato que exige também uma nova visão da própria ciência por parte dos gestores públicos e da sociedade.


O desenvolvimento da ciência moderna coincidiu com a implantação dos princípios da democracia em vários locais do mundo. Mas, a democracia ainda é um projeto incompleto e a ciência muito pouco reconhecida. O poder econômico tem muito maior influência na gestão e na formação de políticas públicas do que a ciência. A ciência continua sendo colocada como um campo separado da sociedade e muitas vezes considerada neutra.


Outro aspecto é que a ciência é acusada de ser lenta demais diante da política que é acelerada. Políticos não têm tempo para consultas científicas diante das urgências e da enorme quantidade de problemas a serem enfrentados. Além disso, acusam os cientistas de terem pouco conhecimento do funcionamento da máquina administrativa burocrática. Cientistas também são considerados utópicos com projetos inviáveis. A aproximação da ciência com as políticas públicas necessita de uma mudança de valores por parte dos gestores públicos e também um maior esforço dos cientistas para se aproximarem mais. A sociedade como um todo necessita reconhecer e considerar mais as contribuições da ciência – ação que depende muito dos próprios cientistas - e assim exigirem projetos mais eficientes e menos comprometidos com interesses econômicos.


CARNEIRO, M. J. T. e SANDRONI, L. T. Ciência e Política Pública na perspectiva dos gestores: clivagens e confluências in Revista Sociedade e Estado Vol 33, 2018.


Francisco Pontes de Miranda Ferreira é Jornalista (PUC Rio) e Geógrafo (UFRJ) com mestrado em Sociologia e Antropologia (UFRJ), pós graduação em História da Arte (PUC Rio), pós-graduação em Desenvolvimento Territorial da UERJ Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, membro do conselho editorial do Jornal Poiésis.

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